'Ele tinha medo de viajar de avião', diz tio do técnico Caio Júnior



"O Caio tinha medo de viajar de avião. Falei com minha irmã e ela contou que quando ele ia viajar ligava e sempre demonstrava medo", conta o empresário Darci Casagrande, tio do técnico do Chapecoense, Caio Júnior, que mora em Cascavel, no oeste do Paraná, onde o treinador nasceu. Ele era diretor do Futebol Clube Cascavel na época em que o sobrinho iniciou a carreira de jogador na cidade, aos 15 anos.

O medo de voar foi reforçado depois de uma viagem para a Argentina em que o time enfrentaria o São Lourenço e em que o avião balançou muito, lembra. "Ele tava muito preocupado de viajar com este avião."
"Com uma trajetória destas, qualquer amigo, qualquer parente tem que ter orugulho dele. Ele é uma pessoa muito boa, de bem. É um guri muito concentrado, trabalhador, honesto e estudioso do futebol. Humilde, ajudava os parentes e os amigos", apontou o tio.
Caio Júnior, atual treinador da Chapecoense (SC), é uma das vítimas do acidente com o avião que levava o time para a Colômbia, na madrugada desta terça-feira. Além dos integrantes do clube, jornalistas também estavam no voo. A aeronave que levava 72 passageiros e nove tripulantes caiu ao se aproximar do Aeroporto José Maria Córdova, em Rionegro, perto de Medellín, capital colombiana, pouco depois das 22h15 (local, 1h15 de Brasília).
Ao todo, 75 pessoas morreram. A lista oficial com o nome dos mortos, porém, ainda não foi divulgada. Seis pessoas sobreviveram à tragédia: os jogadores Alan Ruschel e Hélio Zampier Neto; o goleiro Jackson Follmann; o jornalista Rafael Henzel; e os comissários de bordo Erwin Tumiri e Ximena Suarez.
Dois irmãos de Caio Júnior também moram em Cascavel. Familiares acompanham as notícias sobre a tragédia na casa de Celso Sarolli, irmão mais velho do treinador. Na segunda (28), ele falou pela última vez com o irmão pouco antes de viajar com o time para a Bolívia e desejou sorte. Caio era chamado de “garoto”.
“Ele escreveu 'força, garoto'”, comentou Cristiane Sarolli, sobrinha de Caio Júnior.
No domingo (4 de dezembro) a família viajaria para Chapecó (SC) para acompanhar o último jogo da Chapecoense pelo Campeonato Brasileiro e rever o treinador.
“Meu pai soube primeiro [da tragédia] e avisou a família. Ele está muito abalado. Não está aceitando”, disse Cristiane.
Eduardo da Costa, preparador físico do Chapecoense e sobrinho de Caio Junior, também estava no avião.
Trajetória
No Paraná, ele acumulou passagens como jogador no Paraná Clube e no Iraty. Ainda no estado, Caio Júnior despontou no cenário nacional como treinador: sob seus comandos, em 2005, o Cianorte surpreendeu o Corinthians e venceu o primeiro jogo da segunda fase por 3x0.
Caio Júnior também comandou o Paraná Clube, Gama, Londrina, Palmeiras, Goiás, Flamengo, Vissel Kobe (Japão), Al Gharafa (Catar), Botafogo, Grêmio, Al Jazira (Emirados Árabes), Bahia, Vitória, Criciúma e Al Shabab (Emirados Árabes).
A Chape é o 17º clube do treinador, que é casado e tem dois filhos; um deles mora nos Estados Unidos. Formado em jornalismo, Caio Júnior também chegou a trabalhar como comentarista esportivo de TV e de rádio em Curitiba; também atuou como supervisor de futebol do Coritiba.
Nesta terça-feira, o Atlético-PR e o Coritiba divulgaram notas oficiais em solidariedade ao clube catarinense e decretaram luto de três dias a uma semana. O governador Beto Richa (PSDB) e a Prefeitura de Curitiba também lamentaram a tragédia.
Fonte:G1Paraná